terça-feira, 12 de junho de 2007

Zodiaco

Filme Zodíaco
Diretor: David Fincher ( o mesmo de Seven )
Recomendo. Uma boa metáfora da vida.
Bons atores e ótimas atuações (Excelente atuação de Mark Ruffalo, como sempre. E além de tudo mesmo feio ele fica bonito, impressionante).

1
Até que ponto vítimas são vítimas? Um dos pontos que o filme me faz refletir é sobre a máxima "Não há predador sem presa e nem presa sem predador."
Todas as vítimas tinham oportunidade de escolher na iminência de perigo da figura do Zodíaco. Ele não chegava de sopetão, ele se anunciava, ele dava o "ar" da sua presença. Havia tempo de correr, de se salvar, mas por qual motivo as vítimas ainda insistiam em "pagar pra ver"?
Isso me chamou a atenção e me lembrou a conexão com Seven, quando o assassino justificava um a um os crimes das suas "vítimas", dizendo que nenhuma delas era realmente vítima. Cada uma com um dos sete pecados capitais como crime.

Quantas situações em nossas vidas o perigo é iminente, a sirene toca baixinho, acontece o frio no estômago mas.... seguimos adiante? Pagando pra ver as ilusões cairem por terra, vendo desmoronar pedra sobre pedra de projeções que depois choramos, nos culpamos, nos violentamos como nossos próprios algozes?
O que motiva a ir adiante? Algo substancial ou o desejo? Seria o carma agindo? Ou tudo isso e alguma coisa mais?

2
"Não sei se estou decepcionado porque não é ele ou porque eu queria que fosse ele."
Essa frase do policial Dave, me pegou. Não saiu mais da cabeça.
Acreditar em evidências, com toda a vontade de que aquilo seja verdade, quantas e quantas vezes essa armadilha não nos pega? E quantas mais isso desmorona ou não tem a importância que parecia ter??
Queremos que inocentes sejam culpados, culpados inocentes, amores correspondidos, ideais atingidos.... É bom se perguntar quando vem a frustração, da onde ela vem. Aquilo era animicamente o que queríamos? Ou superficialmente queríamos que fosse, para ter uma resposta rápida a alguma questão ou preencher uma lacuna com a qual não queremos lidar?

3
Pra mim o filme trata disso e muito mais.
Como o Contardo escreveu na Folha, "a busca de sentido dos envolvidos nos assassinatos acaba sendo o próprio sentido."
Com reflexões, terapias, buscas, estamos na maioria das vezes tentando achar um elo entre os fatos das nossas vidas que dêm sentido a nossa história, a nossa vida.
"Mas sempre sobram fios soltos"
Nunca vamos obter respostas e, perguntar apenas prolonga o tempo da angústia, da paranóia. Mesmo assim, durante algum tempo isso é um sentido para muita gente. Dá a sensação de alguma função mais significativa nessa vida, como é o caso do personagem desenhista.
Afinal, todos nós temos algum tipo de paranóia.
O que somos nós diante dos mistérios a que somos lançados desde que nascemos?

4
Em meio a essa teia que se revela e se esconde, dei uma risada interna com a reação das pessoas diante do final.
Como nós seres humanos somos previsíveis! E como o imprevisível nos desconserta, nos deixa tensos!
Dormi com meus pensamentos a respeito do filme todos os dias, deixando-os crescer em vida própria, sem me agarrar a eles, nem ordená-los, apenas jogando no ar, como tudo acaba de qualquer forma. E disso saiu essa postagem.
Consegui ser clara e coerente?

P.S: Eu sei que o filme é baseado em fatos reais
Mas qualquer semelhança não é mera coincidência, mais uma vez

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