quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A vida secreta das palavras


2008 chega. Surpreendendo.
Descubro uma fonte e uma floresta encantada bem na frente da minha casa. Passando de carro várias vezes, nunca percebi. O trânsito, o estresse, a distração. Tudo isso que deixa a gente um pouco mais cega pras coisas belas da vida. Uma fada me levou até lá e até um pouquinho do seu universo. Posso dizer, o ano começou muito intenso, feliz, surpreendente. Música, silêncio e filme. Fiquei devendo dançar, mas acho que como o fiz muito nas últimas semanas, me contentei em cantar.

Hoje assisti "A vida secreta das palavras". Lindo. Sarah Polley como sempre muito bem. Tim Robbins sem comentários, além de extremamente sexy. Sexy por ser interessante e pelas feridas literalmente expostas.
Mais um filme sobre "cura". Um casal que se cura e a cura vem do encontro inesperado. Não vou comentar muito para não estragar a surpresa do enredo, mas esse diálogo é um dos mais belos que já ouvi:

"-Hanna, come with me.
- I don't think it'll be possible because... I think that if we go away to some place together, I'm afraid that one day...maybe not today, may be not tomorrow either, but one day suddenly... I may begin to cry so very much that nothing or nobody can stop me and the tears will fill the room, and I won't be able to breathe and I will pull you down with me and we both will drown.
-I'll learn how to swim Hanna. I swear I'll learn how to swim."

Por um instante muito rápido, lembrei dos momentos mais interessantes que passei na companhia de alguns homens. Com certeza foram aqueles em que pude ver suas fragilidades, admirar sua força e em raras vezes presenciar a beleza de suas lágrimas.
Aquele que se defendia por ter sido traído, e tudo que procurava com as drogas e o isolamento era a chance de se abrir e voltar a ser menino.
Um me contou toda sua vida, suas "rotas de colisão", seus desejos para o futuro, suas fotos de infância.
Outro me disse sobre seu medo de ficar só, seus "traumas" eram nítidos, tentativa vã, escondê-los...
Este me contou sobre sua infância míope, sobre viver isolado num mundo em que interagia apenas por duas grandes e grossas lentes de vidro. Pena não ter chegado a conhecer seus óculos, infelizmente suas lentes foram o único filtro pelo qual ele me via...

Eu, "just a fucked (and lucky) girl trying to find my peace of mind". Eu, apenas uma garota em busca da cura. Cura de toda a culpa que ainda sinto por ter acreditado que alguns erros nunca serão perdoados.
Erros são perdoados, erros são corrigidos. Eles são lavados com lágrimas e compartilhados com todos "que aprenderem a nadar".
E eu espero, todo dia, uma grande oportunidade de fazê-lo.


Um 2008 de cura e (re)nascimento a cada um de nós.

Dedicado a todos os homens que me deram o privilégio de compartilhar sua abertura.

Um comentário:

Gustavo Gitti disse...

Caralho! Quase chorei. ;-)

Eu assisti quando saiu o primeiro torrent, ano passado. É belíssimo!!!!