quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Reflexão: uma das melhores falas do cinema

Em meio a um monte de questões, indagações, indignações assisto mais uma vez "Gênio Indomável". Eu insisto que os filmes escolhem a gente. Essa fala do Robin Willians caiu como uma luva pros meus questionamentos. E me deu a resposta que tinha começado dois dias atrás: o brilho que falta é as pessoas se mostrarem. Não como num Big Brother, numa boate, num jogo de conquista.
Elas se mostrarem como humanas, sua beleza e cicatrizes, luz e sombra.

"Você é apenas um garoto. Não sabe do que está falando.
Você nunca saiu de Boston.
Se perguntar sobre arte, me dirá tudo escrito sobre o tema. Michelangelo... Vc sabe muito sobre ele: sua obra, suas aspirações polítcas, ele e o papa, tendências sexuais, tudo. Mas não pode falar do cheiro da Capela Sistina. Nunca esteve lá, nem olhou aquele teto lindo. Nunca o viu.
Se perguntar sobre mulheres, me dará uma lista das favoritas. Já deve ter transado algumas vezes... mas não sabe o que é acordar ao lado de uma mulher e se sentir realmente feliz.
Se perguntar sobre a guerra, vai me citar Shapkespeare, mas não conhece a guerra. Nunca teve a cabeça do seu melhor amigo no colo e viu seu último suspiro, pedindo ajuda.
Se perguntar sobre o amor, citará um soneto mas nunca olhou uma mulher e se sentiu vulnerável. Alguém que te entendesse com um olhar como se Deus tivesse posto um anjo na Terra só pra você... para salvá-lo do inferno. E sem saber como ser o anjo dela, como amá-la e apoiá-la pra sempre, em tudo... Não sabe o que é dormir num hospital por dois meses pq só o horário de visitas não é o bastante.
Não sabe nada de perda. Porque ela só ocorre quando ama algo mais que a si próprio. Duvido que já tenha amado alguém assim.
Olho pra vc e não vejo um homem inteligente e confiante. Só um garoto convencido e assustado.
Mas você é um gênio, é inegável. Ninguém conseguiria entender essa complexidade.
Mas acha que me conhece por um quadro e disseca minha vida.
Você é órfão, não é? Acha que sei como sofreu, como se sente, quem você é porque li "Oliver Twist"? Você se resume a isso?
Pessoalmente estou cagando pra isso, porque tudo que me diz eu poderia ler em livros.

A menos que me conte sobre você, quem você é. Isso me fascinaria, isso sim.
Mas você não quer fazer isso não é? Morre de medo do que eu poderia dizer."

Muito se fala sobre a entrega, o quanto é importante para um relacionamento verdadeiro. Mas como fazê-lo sem conhecer a si mesmo? Como fazê-lo sem querer chegar no outro? Sem se mostrar, como acolher? Como ser acolhida, sem ser vista?
Vendo o humano em alguém o divino fica muito nítido pra mim.

Me sinto com 100 anos brincando de amarelinha.

Nenhum comentário: