domingo, 8 de junho de 2008

A moda antiga ( or the oldfashioned girl in me)


"-Poucos são seguros o bastante para se apaixonarem sem o encorajamento alheio. Bingley a ama mas não pode passar disso se ela não o ajudar.
-Ela só é tímida. Se ele não percebe seu olhar, é um tolo.
-Somos todos tolos quando apaixonados. Ele não conhece seu caráter como nós. Ela deve ser rápida e fisgá-lo logo. Teremos muito tempo para conhecê-lo depois." Lizzie e Charlote

"Uma moça gosta de sofrer por amor, vez por outra. Dá a ela algo em que pensar e uma espécie de distinção das amigas." Mr. Benning

"Serei feliz com ele comos seria com qualquer outro. Nem todos podem se dar ao luxo de serem românticos. Ele me oferece uma casa confortável e proteção. Tenho 27 anos, sem perspectivas e sou um peso para nossa família." Charlote

Orgulho e Preconceito, um filme muito gostoso de ver. Me senti no século XVIII, deu uma saudade de alguma coisa, talvez essa inocência, essa leveza que tem a história dessa família e dessas mulheres. A simplicidade humana nessas relações, sejam familiares, fraternais, amorosas. A história é extremamente romântica, mas como pode ser nosso primeiro amor, senão assim romântico? Penso ser um privilégio ter como ritual de passagem para o mundo amoroso uma relação romântica. Depois a gente dá um upgrade, mas pra começar, ah, é muito bom! ;-)

Reflito sobre o orgulho, algo que conheço muito bem, no filme fica claro o que ele pode fazer para complicar tudo que é muito simples de uma forma quase didática. Você sabe que perdeu a razão, você reconhece outro modo de ver mas não consegue dar o passo, a visão fica turva e o peito angustiado, parece que vai explodir. O orgulho normalmente cede quando a dor ou o amor são muito intensos pra se segurar. Essas cenas de despir-se do orgulho, em que somos arrebatados e nos entregamos me arrepiam com a sua beleza. Porque, hoje em dia acho uma bênção o benefíco de mudar de idéia, reconhecer e ceder. E pra uma pessoa que sente orgulho muitas vezes como eu (rs) o significado dessa ruptura é imenso, porque nesse momento acredito que ocorre uma espécie de transcendência e não de liberação pura e simples de repressões.

Há muitas artimanhas para alimentar o orgulho com a razão, principalmente através de preconceitos. Tomar o todo pela parte, generalizar, fazer pré julgamentos com pouca base, seja para mais, numa idealização, como para menos, num desprezo. Tudo fruto da visão que gera essas construções que fazemos. E se tudo isso é impermanente é inútil se fixar, mas a maioria das vezes nos damos conta quando o bonde já passou...

Reflito sobre a gentileza. Basta uma pequena delicadeza, mesmo ao som de verdades firmes e duras, pra quebrar o gelo do orgulho, do preconceito e de tantos outros venenos. E me dá saudades desse tempo em que as gentilezas eram tão cultivadas. Muitos acham formalidade demais, frescura, eu penso que tudo fazia parte da condução, dos sinais para o amor. Hoje em dia não vemos claramente esses sinais, muito se banalizou e apesar de nos pensarmos mais livres vejo uma nova prisão com uma embalagem "moderna" e cremos, mais agradável. Sinto como se não soubéssemos mais que papéis temos numa conquista, num flerte, num relacionamento afetivo. Por exemplo, o significado de um baile, da dança naquela época. Uma rara oportunidade do toque, da proximidade. A valorização do olhar, a poesia do andar da mulher, a cortesia dos gestos do homem. Seria tudo isso tão antigo e "careta" assim? Ou o que a gente evita a todo momento por orgulho e preconceito, porque somos modernos e os tempos são outros? (mas lá no fundo é o que mais desejamos?)
Me ocorreu essa pergunta: o que a mulher independente em mim quer, após experiências intensas em tantos papéis? Mulher rebelde (ai isso as vezes cansa! rs), dona do próprio nariz, namorada meiga, indomável, menininha. E de repende vejo na personagem Lizzie, como dá pra costurar um pouco de cada qualidade feminina sem perder a graça. Claro que eram outros tempos, mas será que isso não é um pouco universal? Faz parte da nossa natureza feminina e o que realmente queremos? E com os homens não seria o mesmo?

Esse post não é pelo dia dos namorados, mas pode ser para os namorados também. Pra mim, um dia de cultivar gentileza e cortesia. De homens serem homens, sem medo de sua sensibilidade e mulheres serem mulheres, sem medo de sua força. Deixar o yang e o yin dançarem, é isso que eu desejo aos apaixonados, permitam suas energias dançarem, ao menos por hoje.

Ah (suspiro) como seria bom se pudéssemos ser apenas mulheres e homens...



P.S: Essa foto é uma homenagem ao casal que conheci há alguns anos. Estava andando num parque lindo em Queenstown, Nova Zelândia e tinha acabado uma apresentação do musical Hair (por isso a faixa). Pedi a ele que tirasse uma foto minha num jardim e depois pedi para fotografá-los. Ele a abraçou espontaneamente e deu um beijo forte nela. Achei maravilhoso e nunca mais me esqueci dessa cena. Depois eles me disseram que aquela viagem era pelos trinta e poucos anos juntos, eles eram americanos.

Um comentário:

kellybounce disse...

É, Girassol, estou aprendendo a ser mulherzinha sem me sentir diminuída pelo diminutivo...
bjs